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quarta-feira, 22 de maio de 2013

ÁLCOOL E IMPUNIDADE NO TRÂNSITO





A combinação de álcool e direção pode acarretar uma série de consequências. O efeito da bebida alcoólica diminui o tempo de resposta dos motoristas, aumentando a probabilidade de tomarem decisões equivocadas. O tempo de reação e reflexos também sofre alterações, comprometendo ainda mais as habilidades necessárias para o ato de dirigir. Em altas doses, a bebida alcoólica pode também causar sonolência ou até mesmo ocasionar a perda da consciência ao volante.

As estatísticas são alarmantes. Dos 38000 acidentes de trânsito ocorridos no país em 2008, 45% foram causados por motoristas embriagados. Em outros países, essa porcentagem também é alta – 37% nos Estados Unidos, 28% na França. A diferença é que, no Brasil, os motoristas embriagados quase sempre são premiados com a falta de punição.

Os casos de impunidade são diversos. Em setembro de 2002, por exemplo, o empresário Eduardo Guimarães Pedras dirigia embriagado na contramão do Anel Rodoviário de Belo Horizonte- MG. Ele bateu de frente com um Gol e acabou matando a passageira Patrícia Fernandes, 19 anos. Eduardo só foi julgado em primeira instância, em setembro de 2008. Condenado a 4 anos e 6 meses de prisão, ele aguarda resultado de recurso em liberdade.

Recentemente, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, o serralheiro Jailton Alves da Silva invadiu uma praça e atropelou o comerciante Edimício dos Santos e seu filho de 8 meses. O bebê foi levado ao hospital em coma e morreu em seguida. Jailton tinha consumido o equivalente a sete latas de cerveja. Ele já havia sido flagrado quatro vezes dirigindo bêbado e nunca fora punido por isso. Levou apenas multas, que jamais foram pagas.

Outro exemplo que mostra o estado de impunidade existente no país é o caso do francês Olivier Rebellato, que, em 2009, dirigia embriagado na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte, quando avançou por um semáforo vermelho em alta velocidade e atingiu  outro carro. No veículo, estavam 5 pessoas que tiveram vários danos. Uma delas hoje está em estado vegetativo irreversível. Já Olivier Rebellato não sofreu danos. O culpado hoje vive livremente na França. A Justiça brasileira já tentou localizá-lo, mas não encontrou seu endereço.

Apesar dos inúmeros exemplos, existem medidas preventivas para acidentes decorrentes do consumo indevido  de álcool no Brasil. Com a vigência da Lei Seca em 2008, alguns estados apresentaram uma redução de até 30% no número de mortes - foi o caso do Rio de Janeiro.

Entretanto, 95% das mortes no trânsito causadas por motoristas bêbados são classificadas como homicídios culposos. Nesses casos, a pena máxima prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro é de quatro anos de prisão. Segundo a Lei de Execução Penal, no caso de réus primários, as penas de até quatro anos são cumpridas em regime aberto. Logo, quem mata pela primeira vez ao volante tem a liberdade garantida. No máximo, deve pagar uma multa e cumprir algumas horas de serviço comunitário.

A associação perversa entre bebidas alcoólicas e direção é punida com leis  severas na maioria dos países. Nos Estados Unidos, quem provoca uma morte no trânsito dirigindo sob efeito de álcool pega vinte anos de cadeia. Em um caso, no estado da Carolina do Norte, o motorista foi condenado à prisão perpétua. Na Inglaterra, quem mata ao volante fica catorze anos encarcerado. Diante de exemplos como esses, o destino dos motoristas que dirigem embriagados no Brasil configura uma vergonha nacional. As leis brasileiras que tratam do assunto são brandas e as punições, raras. Motoristas bêbados, muitas vezes, são deixados à solta nas ruas e estradas pela fiscalização deficiente. Sem medidas governamentais enérgicas não existirá consciência de que trânsito seguro é direito de todos e responsabilidade de cada um.

Milena Francio e Thaís Aline Marchiori, acadêmicas do curso de Letras da UTFPR campus Pato Branco.

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