As cotas raciais passaram a
prevalecer no século XXI como uma forma de beneficiar pessoas negras, indígenas
e até mesmo pardas, garantindo vagas especiais para essas raças em universidades
e concursos.
Esses benefícios agem como ferramenta de
diferenciação de raças. Um sistema visto como desnecessário e racista por
muitas pessoas.
A cor da pele de alguém não o torna menos apto a ingressar em uma
universidade pública. Pois um negro pode sim frequentar escolas particulares e
possuir um ensino de qualidade que lhe permita conquistar uma vaga numa
universidade pública sem depender de cota. E diga-se o mesmo dos indígenas e
pardos. Todos possuem a mesma capacidade e competência, visto que a cor da pele
não torna uma pessoa menos capaz ou menos desejosa de conquistar algo. Com
esforço e dedicação pessoas de qualquer raça podem alcançar seus objetivos.
Pois cor não é doença e nenhuma raça é superior à outra.
Ao criar-se um sistema que beneficie uma raça específica deixa-se transparecer
a ideia de que aquela raça em questão necessita de tratamento especial perante
os demais, pois não conseguirão garantir suas vagas em concursos ou vestibulares
independentes das cotas raciais.
Muitos dos próprios beneficiários do sistema posicionam-se contra as
cotas raciais, como no caso da estudante negra, aprovada para a segunda fase do
vestibular da Fuvest, Thaís Cristina Silva Rodrigo, que acredita que o sistema
mostra que os negros não possuem capacidade de serem aprovados em universidades
sem depender das cotas raciais. Outro caso é do estudante de engenharia
biomédica, que também é contra as cotas raciais, Vitor
Iuri Café Pereira, com descendência indígena optou por não se declarar índio,
pois acredita que “as pessoas precisam estudar por própria conta para passar na
universidade”. Há também casos fora do Brasil como o professor de
economia da Universidade George Mason, Virginia, Walter Williams, negro que
também é contra o sistema de cotas raciais. Isso mostra que, ao contrário do
que muitos pensam, os beneficiados podem não concordar com os benefícios que
estão recebendo e até mesmo julgá-los ofensivos à sua raça.
Algumas pessoas acreditam que assegurar os direitos das raças em
questão, ou seja, fornecer a eles vagas especiais em concursos e vestibulares é
uma forma de acabar com o racismo. E que as raças beneficiadas pelo sistema de
cotas (negros, índios e pardos) merecem desfrutar de direitos pelo fato de que
seus antepassados sofreram nas mãos de outras raças e não possuíam direito
algum.
Com isso até podemos pensar que todo o histórico de sofrimento,
escravidão e matança pelos quais passaram os ancestrais dessas raças vai sumir
ao beneficiarmos seus sucessores, que não passaram por nada daquilo. Mas o fato
é que, favorecer os descendentes de tais raças não vai mudar o passado, nenhum
dos antecessores terá sofrido menos, ou deixará de ter morrido de forma cruel.
A herança histórica dessas raças é triste e injusta. E a razão disso é
que eram considerados diferentes de outras raças. Por isso eram tratados como
inferiores. Portanto, um sistema que os diferencia dos demais indivíduos da
sociedade, atualmente, não vai acabar com o racismo, que surgiu há séculos.
Pois, embora o sistema de cotas os beneficie, também os diferencia.
O sistema foi criado com o intuito de incluir essas raças em universidades e concursos, devido ao fato de terem sido tão maltratadas no passado. Mas o que não está sendo levado em consideração é o fato de que isso aconteceu há mais de um século e que nenhuma daquelas pessoas maltratadas está viva para ser beneficiada. Portanto, um sistema como esse funcionando nos dias de hoje é desnecessário e não vai mudar a imagem histórica de sofrimento das raças beneficiadas e muito menos acabar com o racismo.
Alana Caroline Andre, acadêmica do curso de Letras - Português/Inglês da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) campus Pato Branco
Nenhum comentário:
Postar um comentário