O
número de crimes hediondos praticados
por menores de 18 anos no Brasil é assustador. E cada vez mais, alimentada pela
sensação de impunidade, a sociedade
debate e cobra das autoridades a redução da maioridade penal para tais crimes.
Assassinatos e estupros, cometidos por menores de 18 anos, são crimes que, sem
dúvida, devem ser punidos com mais rigor pela lei.
O fato é que, protegidos pelo Estatuto Da
Criança e do Adolescente e por um código penal desatualizado, jovens de todas as classes sociais são
incentivados a entrar para o mundo do crime cada vez mais cedo. Praticando
crimes como pequenos furtos, vandalismo
e tráfico de drogas, esses jovens acabam perdendo suas referências e passam a
viver à margem da socidade, ignorando e desafiando suas leis. Infelizmente, o
Brasil não tem evoluído na questão de penas mais severas para menores, já que os
crimes graves são punidos aqui apenas com medidas de recuperação
sócio-educativas. Em países como Estados Unidos
e Inglaterra, por exemplo, não existe idade mínima para a aplicação de penas
mais severas. Nesses países são levadas em conta a índole do criminoso, tenha a
idade que tiver, e sua consciência a respeito da gravidade do ato que cometeu.
Em Portugal e na Argentina, o jovem atinge a maioridade penal aos 16 anos. Na
Alemanha, a idade-limite é 14 anos e na Índia, 7 anos. No Brasil, o
mesmo direito dado ao jovem para votar e escolher seus governantes, já à partir dos 16 anos, contraria a ideia de
que esse mesmo jovem não tem plena consciência de seus atos e crimes,
praticados contra os seus semelhantes.
A maior preocupação em torno da redução
da maioridade penal no Brasil diz
respeito ao receio que parte da sociedade tem de não ver resultados positivos
com a mudança das leis, pelo fato de não existir uma estrutura prisional
adequada para manter e recuperar esses jovens. A lentidão dos processos e
julgamentos criminais, a lotação e
precariedade das prisões brasileiras são uma realidade, mas esses são fatos que
revelam o descaso das lideranças políticas com a questão da segurança pública.
Somente com uma reforma geral no sistema
judiciário e prisional e uma redução da maioridade penal em etapas, feita inicialmente
com um trabalho de conscientização,
prepararando a sociedade para a nova
realidade, será possível mudar este
cenário no futuro. Como uma transformação cultural, a redução da maioridade penal terá resultado a
longo prazo. É preparação das novas gerações, mais conscientes e responsáveis.
Antonio Marcos Garcia, acadêmico do curso de Letras da UTFPR campus Pato Branco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário