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terça-feira, 28 de maio de 2013

PROFESSOR, CADÊ O SEU VALOR?



     
Decidir sobre minha futura profissão foi e ainda está sendo muito difícil. Não porque eu estaria em dúvida sobre o que escolher, muito pelo contrário, pois sempre estive certa na minha decisão: “Eu quero ser professora!’’. Um dos problemas se encontra a cada vez que alguém me questiona: “Que curso você quer fazer ?’’, “Que curso você faz?’’ ou “O que você quer ser?’’. Sempre me desanimo ao ver a reação da maioria das pessoas ao ouvirem minha resposta e percebo que não seria a mesma coisa se eu dissesse, por exemplo: “Eu faço Engenharia Civil’’ ou “Eu quero ser Médica’’.
   
Estou cursando Letras – Português/Inglês e tenho muito orgulho por estar conseguindo realizar meu sonho. No entanto, ainda não me sinto uma universitária valorizada como acho que deveria. Na própria Universidade em que estudo, ouço acadêmicos de outros cursos dizendo que Letras e outros cursos de Licenciatura seriam algum tipo de ‘’subcursos’’. Além disso, a maioria das pessoas que estão entre as várias que tentaram e ainda tentam de alguma forma impedir que eu faça o que realmente quero são justamente professores. Sem contar os comentários nada empolgantes que faz o restante da sociedade.
     
Acho lamentável que universitários, os quais dependem fielmente de seus professores, que os próprios educadores, os quais deveriam se autovalorizar se orgulhando de tal profissão, e que o restante dos membros da sociedade, que simplesmente “jogam’’ seus filhos ou outros membros da família para dentro das escolas, não estão sabendo tratar como parte de si e consequentemente merecer a educação e o que provém dela.
    
 “Mas professor sofre tanto em sala de aula e ganha tão pouco!’’ é a alegação, creio, mais relevante dada para justificar porque o Ensino não é merecedor de “status’’ e valorização. Realmente, o Governo se mostra um tanto despreocupado com a atual situação em que se encontram as escolas e as pessoas que dependem dela. No entanto, isso não é motivo para que os que estão totalmente ou não envolvidos com a educação, principalmente os próprios educadores, se esquivem dela e se recusem a incentivar àqueles que tem vontade de ingressar nessa área. Aliás, não há motivos que possam justificar.
    
Questiono-me, como a situação de um educador pode mudar perante o governo e a sociedade se ele próprio se recusa a dizer: “Eu sou professor e amo o que eu faço.’’? Também me pergunto como um simples aluno de Ensino Fundamental e Médio ou um Universitário que está cursando alguma Engenharia ou algum curso ligado à Saúde pode reclamar ou alegar que a culpa de que a Educação no Brasil está decadente é do governo ou de outras entidades se eles mesmos muitas vezes não respeitam seus preceptores? E me indaga a sociedade, que não está dando o valor merecido aos educadores e ao mesmo tempo expõe que não vale a pena ingressar na profissão de ensinar. 
 
Contudo, é claro e aceitável que haja fatores que realmente desanimem os que fazem parte do ambiente de ensino e até àqueles que mesmo parecendo que estão por fora têm alguma contribuição. Entretanto, se um indivíduo segue tal carreira, deve defendê-la e amá-la independentemente de todas as situações que ela apresente. Afinal, não é apenas a profissão do professor que se confronta com problemas a cada minuto.
     
Não adianta afirmar que a educação brasileira está cada vez mais indo “para o buraco’’ se não é dado o apoio almejado por aqueles que lutam por ela. Acredito que uma das soluções para esse problema está a princípio nas mãos dos próprios educadores, que persistindo em sua luta, não desanimando a fim de demonstrar rejeição por si próprios, devem com orgulho defender a sua área. Porém, o merecimento mútuo entre sociedade, alunos e professores é o que deve prevalecer. E, mais uma vez repito, que acima de tudo, ter respeito e amor por aquilo que faz é o que pode mudar tudo.

Isabelle Maria Soares, acadêmica do curso de Letras da UTFPR campus Pato Branco.

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