Decidir sobre minha futura profissão foi e ainda está sendo muito
difícil. Não porque eu estaria em dúvida sobre o que escolher, muito pelo
contrário, pois sempre estive certa na minha decisão: “Eu quero ser professora!’’.
Um dos problemas se encontra a cada vez que alguém me questiona: “Que curso
você quer fazer ?’’, “Que curso você faz?’’ ou “O que você quer ser?’’. Sempre
me desanimo ao ver a reação da maioria das pessoas ao ouvirem minha resposta e
percebo que não seria a mesma coisa se eu dissesse, por exemplo: “Eu faço
Engenharia Civil’’ ou “Eu quero ser Médica’’.
Estou cursando Letras – Português/Inglês e tenho muito orgulho por estar
conseguindo realizar meu sonho. No entanto, ainda não me sinto uma
universitária valorizada como acho que deveria. Na própria Universidade em que
estudo, ouço acadêmicos de outros cursos dizendo que Letras e outros cursos de
Licenciatura seriam algum tipo de ‘’subcursos’’. Além disso, a maioria das
pessoas que estão entre as várias que tentaram e ainda tentam de alguma forma
impedir que eu faça o que realmente quero são justamente professores. Sem
contar os comentários nada empolgantes que faz o restante da sociedade.
Acho lamentável que universitários, os quais dependem fielmente de seus
professores, que os próprios educadores, os quais deveriam se autovalorizar se
orgulhando de tal profissão, e que o restante dos membros da sociedade, que
simplesmente “jogam’’ seus filhos ou outros membros da família para dentro das
escolas, não estão sabendo tratar como parte de si e consequentemente merecer a
educação e o que provém dela.
“Mas professor sofre tanto em sala de aula e ganha tão pouco!’’ é a
alegação, creio, mais relevante dada para justificar porque o Ensino não é
merecedor de “status’’ e valorização. Realmente, o Governo se mostra um tanto
despreocupado com a atual situação em que se encontram as escolas e as pessoas
que dependem dela. No entanto, isso não é motivo para que os que estão
totalmente ou não envolvidos com a educação, principalmente os próprios
educadores, se esquivem dela e se recusem a incentivar àqueles que tem vontade
de ingressar nessa área. Aliás, não há motivos que possam justificar.
Questiono-me, como a situação de um educador pode mudar perante o
governo e a sociedade se ele próprio se recusa a dizer: “Eu sou professor e amo
o que eu faço.’’? Também me pergunto como um simples aluno de Ensino
Fundamental e Médio ou um Universitário que está cursando alguma Engenharia ou
algum curso ligado à Saúde pode reclamar ou alegar que a culpa de que a
Educação no Brasil está decadente é do governo ou de outras entidades se eles
mesmos muitas vezes não respeitam seus preceptores? E me indaga a sociedade,
que não está dando o valor merecido aos educadores e ao mesmo tempo expõe que
não vale a pena ingressar na profissão de ensinar.
Contudo, é claro e aceitável que haja fatores que realmente desanimem os
que fazem parte do ambiente de ensino e até àqueles que mesmo parecendo que
estão por fora têm alguma contribuição. Entretanto, se um indivíduo segue tal
carreira, deve defendê-la e amá-la independentemente de todas as situações que
ela apresente. Afinal, não é apenas a profissão do professor que se confronta
com problemas a cada minuto.
Não adianta afirmar que a educação
brasileira está cada vez mais indo “para o buraco’’ se não é dado o apoio
almejado por aqueles que lutam por ela. Acredito que uma das soluções para esse
problema está a princípio nas mãos dos próprios educadores, que persistindo em
sua luta, não desanimando a fim de demonstrar rejeição por si próprios, devem
com orgulho defender a sua área. Porém, o merecimento mútuo entre sociedade,
alunos e professores é o que deve prevalecer. E, mais uma vez repito, que acima
de tudo, ter respeito e amor por aquilo que faz é o que pode mudar tudo.
Isabelle Maria Soares, acadêmica do curso de Letras da UTFPR campus Pato Branco.
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