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segunda-feira, 25 de julho de 2016

DIPLOMA NÃO É GARANTIA DE EMPREGO


O acesso à Educação Superior no Brasil tem sido facilitado por meio de incentivos públicos e privados que auxiliam o jovem a ingressar no espaço acadêmico.  Mas o principal motivo que o leva para a universidade é o da facilidade em encontrar um emprego que garanta benefícios e, geralmente, alto valor salarial depois de formado. A busca pela pós-graduação em diferentes níveis também é impulsionada, entre outros fatores, pela qualificação que o indivíduo terá além do que seus concorrentes no mercado de trabalho. Sendo assim, quem possuir uma graduação de qualidade deveria estar livre do desemprego. Porém, não é isso que se percebe na realidade, na qual o desemprego assombra todas as parcelas da sociedade. Ou seja, formação profissional nem sempre é sinônimo de garantia de emprego ou até mesmo de um emprego formal.
Esse assunto é tratado por diversos estudiosos da área de Trabalho e Educação, como Reginaldo Prandi. Uma das obras do autor, Os Favoritos Degradados, traz no título uma referência ao chamado exército de reserva intelectual, que pode ser entendido como os jovens profissionais qualificados que aguardam por um emprego. A qualificação profissional através da universidade, como dito anteriormente, tem como um de seus motivos a ideia de uma boa recompensa salarial. Na mesma obra, Prandi ilustra que essa ideia não é verídica. Ele utiliza o exemplo de um médico (profissão vista pela sociedade como a de alguém bem sucedido financeiramente), que precisa trabalhar em vários locais diferentes, atendendo inúmeros pacientes por dia em atividades mecânicas, com a finalidade de manter seu padrão de vida de acordo com suas necessidades.
Complementando a ideia de Prandi, Valéria Mattos, estudiosa da mesma área, associa o desemprego com a ideia de empregabilidade, em seu livro Pós-Graduação em Tempos de Precarização do Trabalho. Segundo ela, o mercado de trabalho culpa o indivíduo pela sua falta de capacitação, o que o leva para a constante qualificação profissional na busca de um emprego. Com isso, a educação recebe o sentido de mercadoria. O modelo de produção capitalista no qual estamos inseridos é o toyotismo, que exige profissionais versáteis e com visão generalista. Para isso, os candidatos devem estar sempre aprimorando suas qualidades profissionais. E se não conseguirem alcançar o nível de capacitação desejado pelo contratante, existem vários outros candidatos para ocupar a mesma vaga, pertencentes ao exército de reserva intelectual.
Outro ponto levantado pela autora, que demonsta a difícil situação de um diplomado em busca de emprego, é o da degradação do mundo do trabalho. As vagas nas universidades públicas e privadas são preenchidas completamente, mas após a conclusão de um curso, não há trabalho disponível para a área desejada. Ela expõe que a maioria dos postos de trabalho ofertados são da área de serviços, com contratos precários e baixa exigência de titulação. O mercado de trabalho para quem possui titulação universitária é restrito e altamente competitivo, não atendendo a todos.
Ao contrário da ideia de que não existem garantias de emprego ou de um emprego formal para diplomados, há o discurso de que a escolaridade é o que desencadeia o desenvolvimento econômico de um país, através da boa colocação profissional da população. A busca por conhecimento deve partir do indivíduo, que investe em si o quanto almeja de um futuro emprego. Esse investimento no próprio indivíduo é a base da Teoria do Capital Humano, que tem como principal expoente Theodore Schultz. Através do que foi exposto, é perceptível que não depende apenas da pessoa em si preparar-se para o mercado, pois existem diversas questões sociais que influenciam sua colocação no mercado de trabalho.
Em síntese, não existe nenhuma garantia concreta que assegure ao diplomado a chance de conquistar uma vaga de emprego ou alguma que esteja a altura de sua diplomação. O mercado de trabalho é cruel e competitivo, até mesmo para quem tem alto nível de escolaridade. Afinal de contas, nem sempre o profissional mais qualificado consegue realizar sua atividade da mesma forma que estudou para exercê-la.

Gabriela Aiolfi, aluna do curso de Licenciatura em Letras Português e Inglês na Universidade Tecnológica Federal do Paraná câmpus Pato Branco, no ano de 2015.

3 comentários:

  1. ótimo texto! falta apenas um ajuste na palavra "econômico", na terceira linha do penúltimo parágrafo. sucesso para vocês!

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  2. Escrevi o artigo acima após ler alguns capítulos do livro "Pós-Graduação em Tempos de Precarização do Trabalho", de Valéria Mattos, do qual extraí os argumentos apresentados. Recomendo a leitura do texto da autora, que trata muito bem do assunto pós-graduação e mercado de trabalho.

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