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segunda-feira, 25 de julho de 2016

MEU CORPO, MINHAS REGRAS.


Embora esteja sendo debatido a mais de 20 anos, a legalização do aborto ainda é visto como um tabu no Brasil. A sociedade brasileira mantém o pensamento arcaico com relação a isso, uma pesquisa do instituto Vox Populi mostra que 82% dos brasileiros ainda são contra a legalização do aborto. Já passou da hora da nossa população deixar de lado o falso moralismo e entender que o aborto deveria ser legalizado por vários motivos, dentre os quais citarei alguns.
Um motivo é o fato de que o aborto, mesmo sendo ilegal, continua a ser praticado. O estudo conduzido pelos professores Mario Giani Monteiro, do Instituto de Medicina Social da Uerj, e Leila Adesse, da ONG Ações Afirmativas em Direitos e Saúde, estimam que cerca de 850 mil mulheres abortam por ano no Brasil. Isso ocorre pela facilidade de acesso aos procedimentos abortivos, tanto cirurgias quanto remédios. Apesar de proibido no Brasil, os remédios Misoprostol e Mifepristone podem ser pedidos pelo site Women On Web, que fornece um serviço online de ajuda ao aborto, onde o pacote com os medicamentos chegam em 3 a 5 semanas. Você deve apenas responder um questionário com 25 perguntas, falar com um médico online e doar 90, 80 ou 70 Euros, e dependendo da sua situação econômica você pode ter acesso gratuito aos medicamentos. Fora os medicamentos, ainda existem várias clinicas de abortos clandestinos no Brasil. Ou seja, basta querer para abortar, mesmo sendo ilegal.
Outro motivo é que os abortos clandestinos realizados matam cerca de uma mulher a cada dois dias no Brasil, o que torna o aborto mal sucedido a quinta causa de morte materna em nosso país, esses dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No desespero de abortar várias mulheres se sujeitam a procedimentos sem o mínimo de higiene, com pessoas que não estão aptas a realizar esse tipo de processo, e no fim acabam tendo hemorragias, infecções, complicações cirúrgicas e pós-cirúrgicas que podem acabar deixando a mulher estéril ou até causar sua morte.
O terceiro motivo é que a mulher deve ter o direito de escolha. Legalizar o aborto é reconhecer o direito soberano da mulher sobre seu corpo. Podemos, com toda a certeza, ser contra a prática do aborto, mas jamais devemos tirar das mãos da mulher o direito da decisão final. Não cabe ao governo, nem a religião decidir o que ela deve fazer ou não fazer, o que é certo ou errado em questões que dizem respeito ao seu corpo. Cabe a ela, e somente a ela, optar pela maternidade ou não, como cita a Blogueira Cátia Kitahara, defensora da legalização do aborto:
"Esta é uma decisão pessoal, que não cabe a ninguém mais, além da própria mulher, seja governo, partidos ou muito menos ainda religiões. Vivemos em um estado laico, somos livres para professar ou não professar fé no deus que quisermos, portanto, não há religião que possa por direito legislar sobre este tema. Cabe à mulher decidir se quer levar uma gravidez a cabo e ainda se deseja ser mãe. Cabe ao governo proporcionar condições em que a gravidez não ocorra quando não planejada, através de educação sexual, planejamento familiar. Cabe ao governo proporcionar segurança para as mulheres e reprimir a violência contra as mulheres, para que não ocorram estupros e gravidez decorrente de estupros. Cabe ao governo garantir acesso à saúde para a mulher nos casos extremos."
Mas ainda há quem pense o contrário, que defenda o fato do aborto ser ilegal e argumente que se for legalizado, o número de abortos vai aumentar de forma deliberada, porém existem dados que provam o contrário disso, no Uruguai, segundo Leonel Briozzo, subsecretário de saúde, após a lei que permite o aborto ter sido sancionada, o número desses procedimentos caiu de 33 mil para 4 mil por ano, e o número de mortes por abortos caiu para 0.
Todos esses motivos deixam claro que o melhor a fazer é legalizar o aborto, afinal, proibir não impede que abortem, como já citei antes, apenas obriga as mulheres a buscar por um processo clandestino que muitas vezes leva a complicações ou até a morte, o que acaba gerando um problema de saúde pública. Ou seja, já está na hora de deixar a mulher exercer o direito de decidir sobre seu corpo, o aborto deve ser legalizado.

Emanuelle Pereira, aluna do curso de Licenciatura em Letras Português e Inglês na Universidade Tecnológica Federal do Paraná câmpus Pato Branco, no ano de 2015.

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